Culto sem hora para acabar?

 



          Pela graça e misericórdia do Senhor Jesus Cristo, tive a chance de pregar a sua palavra por diversas e diversas vezes. Alguns irmãos brincavam comigo dizendo que eu demoro demais para terminar a oração, logo, eu nunca era solicitado para orar antes de uma refeição.

 

Brincadeiras à parte, sempre tive a preocupação de cumprir o horário das reuniões eclesiásticas, pois a igreja agrega pessoas de diferentes profissões e afazeres pessoais, por exemplo: um casal de feirantes que acordou às três horas da madrugada de domingo para preparar sua barraca de legumes na avenida central. Com muito zelo, passaram o dia trabalhando num calor e correram para a igreja com seus filhos ao anoitecer.

 

Ao lado do casal de feirantes, há um jovem solteiro que mora sozinho e trabalha em escala 12x36, ele é o pregador escalado da noite.

 

Ao lado do jovem pregador, há uma mãe solteira que, após um dia de trabalho, deixou seu casal de filhos com um parente, prometendo voltar para buscá-los em duas horas porque precisava buscar uma bênção na casa do Pai.

 

Para a surpresa de todos, na hora da Palavra, o jovem e descansado pregador resolveu seguir o exemplo de Esdras e Paulo naquela noite. Eu explico:

 

Um dia, um escriba chamado Esdras leu os cinco primeiros livros da Bíblia em praça pública desde o amanhecer até meio-dia (Ne 8.3). Dias depois, ele participou de um culto que teve seis horas de leitura da Palavra seguidas de seis horas de adoração, ou seja, doze horas de culto (Ne 9.3)!

 

Outro dia, o apóstolo Paulo pregou tanto que um jovem sentado na janela cochilou, caiu e morreu (já era meia-noite). Graças a Deus, a história não teve um final triste, pois o Espírito Santo ressuscitou o jovem através da fé de Paulo. Após o ocorrido, Paulo continuou pregando até amanhecer (At 20.7-11).

 

Diante dos exemplos de Esdras e Paulo, posso dizer que é válido estender um culto por tempo indeterminado? Creio que este comportamento não deve virar um costume por quatro motivos: 1) No tempo de Esdras e de Paulo, das duas uma: ou eles iniciaram o culto com hora de término determinada, ou não prometeram horário nenhum. Certamente, os irmãos presentes sabiam de antemão se o culto tinha horário para acabar ou não. 2) Quando falamos de Esdras (458 a.C.) e Paulo (10 d.C.), estamos remontando cenários com mais de dois mil anos. A organização das reuniões e a profissão/afazeres das pessoas eram completamente diferentes das de hoje. Um trabalhador assalariado com pais doentes em casa e filhos pequenos não conseguiria por muitas vezes participar de cultos de doze horas como o de Esdras ou ouvir uma pregação que começou num dia e terminou em outro, como a de Paulo.  3) Quando estabelecemos um horário de duração para o culto, isto se torna um compromisso com os membros e visitantes. Se convidarmos parentes e amigos para participar de cultos que deveriam acabar às 21:30, mas se estendem até meia-noite, não cumprimos com nossa palavra e quebramos o princípio da ordem (1Co 14.40). 4) Por uma questão de empatia com o próximo. Às vezes, eu sou um jovem solteiro que acordou meio-dia no domingo, mas meu irmão é o feirante que acordou de madrugada e foi trabalhar. Ninguém tem a vida igual a minha, eu não sei quais são as tarefas e dificuldades dos meus ouvintes num culto. Praticar a empatia pode ser uma forma de amor ao próximo (Mt 22.39).

 

Resumindo, há algum problema em cultos sem hora para acabar? Nenhum! Desde que os convidados saibam que naquela igreja é assim que se sucede. Caso contrário, creio que deva se cumprir o princípio da ordem (1Co 14.40). 

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