Estender o Culto: Quando é apropriado?

08:27

 



Pela graça e misericórdia do Senhor Jesus Cristo, tive a chance de pregar sua palavra em diversas ocasiões. Alguns irmãos brincavam comigo, dizendo que eu demorava demais para terminar a oração, então nunca me pediam para orar antes das refeições.


Brincadeiras à parte, sempre tive a preocupação de cumprir o horário das reuniões eclesiásticas, pois a igreja congrega pessoas de diferentes profissões e afazeres. Por exemplo, um casal de feirantes que acorda às três da madrugada de domingo para preparar sua barraca de legumes na avenida central. Com muito zelo, passam o dia trabalhando sob o calor e correm para a igreja com seus filhos ao anoitecer. Ao lado do casal de feirantes, há um jovem solteiro que mora sozinho e trabalha em escala 12x36; ele foi o pregador escalado para a noite. Ao lado do jovem pregador, há uma mãe solteira que, após um dia de trabalho, deixou seus filhos com um parente, prometendo voltar para buscá-los em duas horas, pois precisava buscar uma bênção na casa do Pai. Para surpresa de todos, na hora da Palavra, o jovem pregador descansado decidiu seguir o exemplo de Esdras e Paulo naquela noite. Explico:


Um dia, um escriba chamado Esdras leu os cinco primeiros livros da Bíblia em praça pública desde o amanhecer até meio-dia (Ne 8.3). Dias depois, ele participou de um culto que teve seis horas de leitura da Palavra seguidas de seis horas de adoração, totalizando doze horas de culto (Ne 9.3)!


Outro dia, o apóstolo Paulo pregou tanto que um jovem sentado na janela cochilou, caiu e morreu (era meia-noite). Graças a Deus, a história não teve um final triste, pois o Espírito Santo ressuscitou o jovem pela fé de Paulo. Após o ocorrido, Paulo continuou pregando até o amanhecer (At 20.7-11).


Diante dos exemplos de Esdras e Paulo, posso dizer que é válido estender um culto por tempo indeterminado? Creio que este comportamento não deve se tornar um costume por quatro motivos:


  1. No tempo de Esdras e Paulo, ou começaram o culto com um horário determinado para terminar, ou não prometeram hora alguma. Certamente, os irmãos presentes sabiam de antemão se o culto tinha hora marcada para acabar.

  2. Quando falamos de Esdras (458 a.C.) e Paulo (10 d.C.), estamos falando de cenários com mais de dois mil anos. A organização das reuniões e as ocupações das pessoas eram completamente diferentes das de hoje. Um trabalhador assalariado com pais doentes em casa e filhos pequenos não poderia participar de cultos de doze horas como o de Esdras, nem ouvir uma pregação que começou num dia e terminou no outro, como a de Paulo.

  3. Quando estabelecemos um horário para o culto, isto se torna um compromisso com os membros e visitantes. Se convidarmos parentes e amigos para um culto que deveria terminar às 21:30, mas se estende até a meia-noite, não estamos cumprindo nossa palavra e violamos o princípio da ordem (1Co 14.40).

  4. Por uma questão de empatia pelo próximo. Às vezes, sou um jovem solteiro que acorda ao meio-dia no domingo, mas meu irmão é um feirante que acorda de madrugada para trabalhar. Ninguém tem a mesma vida que eu, e não sei quais são as tarefas e dificuldades dos meus ouvintes no culto. Praticar empatia pode ser uma forma de amar o próximo (Mt 22.39).


Resumindo, há algum problema em cultos sem hora para acabar? Nenhum! Desde que os convidados saibam que naquela igreja é assim que acontece. Caso contrário, acredito que devemos cumprir o princípio da ordem (1Co 14.40).



Julio Carlos Santos Celestino

16 de setembro de 2020

Vitória, Espírito Santo

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