O Sangue nos Umbrais da Porta

 



TEXTO ÁUREO: “Então tomai um molho de hissopo, e molhai-o no sangue que estiver na bacia, e passai-o na verga da porta, e em ambas as ombreiras, do sangue que estiver na bacia; porém nenhum de vós saia da porta da sua casa até à manhã. Porque o SENHOR passará para ferir aos egípcios, porém quando vir o sangue na verga da porta, e em ambas as ombreiras, o SENHOR passará aquela porta, e não deixará o destruidor entrar em vossas casas, para vos ferir.” – Êxodo 12.22-23



INTRODUÇÃO


    O texto que acabamos de ler nos leva ao momento em que Deus prepara o povo de Israel para passar pelo pior momento da história do Egito antigo: a última praga. Deus havia enviado Moisés e Arão diversas vezes à presença do Faraó para que ele libertasse o povo de seu cativeiro, porém, a Palavra de Deus nos declara que o coração do monarca foi endurecido repetidamente à medida que o Senhor o avisava das consequências futuras.        

Muitas vezes, agimos como o Faraó. Às vezes, estamos passando por momentos difíceis em nossas vidas e perguntamos a Deus o "por quê" de tantas coisas ruins nos açoitando, como desilusões, abandono, casamento desfeito, crise financeira e doenças crônicas. Esquecemos que Deus sempre nos avisa das consequências antes que elas aconteçam, mas a dureza do nosso coração acaba cegando nosso entendimento para as lições espirituais que o Espírito Santo aplica em nossas vidas.
Naquele dia, Deus preparava seu último julgamento sobre o império egípcio: a morte dos primogênitos. O aviso foi: "E eu passarei pela terra do Egito esta noite, e ferirei todo o primogênito na terra do Egito, desde os homens até os animais; e em todos os deuses do Egito farei juízos. Eu sou o SENHOR." A família que tivesse o sangue do cordeiro aspergido nos umbrais da porta da casa seria poupada da ação do anjo da morte.



CONTEXTO HISTÓRICO

    A palavra-chave para este grande evento é libertação. Antes da grande libertação do povo judeu das garras do império egípcio, Deus ensinou uma maravilhosa lição espiritual que atravessa gerações: a Páscoa. Após a nona praga que assolou a terra do Egito, Deus disse a Moisés que aquele momento seria o princípio dos meses; é em Êxodo 12 que se iniciam os meses do calendário judaico. A instrução consistia em que, no dia 10 de março (Nissan), cada família deveria separar um cordeiro sem mácula e colocá-lo em observação até o dia 14 de março para ter certeza de que ele não tinha nenhum defeito.
No dia 14 de março, após certificarem que o cordeiro não tinha mancha ou mácula, o povo preparava o sacrifício às 9:00 horas da manhã. Em seguida, eles sacrificavam o cordeiro às 15:00 horas para concluir a Páscoa antes das 18:00 horas, quando se iniciaria um novo dia.


Durante esse processo, toda família deveria coletar o sangue do cordeiro em uma bacia e aspergi-lo com hissopo nos umbrais da porta da casa. Assim, quando o anjo da morte passasse à meia-noite e visse o sangue do cordeiro na porta das casas, ele passaria por cima do lar sem executar o juízo de morte. Esta festa deveria ser repetida ano após ano, de geração em geração, por estatuto perpétuo.


Tudo que Deus faz e institui não é por acaso, mas tudo tem um propósito. Minha vida tem um propósito, a sua vida tem um propósito, nossa família tem um propósito, a igreja tem um propósito, nossa campanha tem um propósito. Com a Páscoa não foi diferente; Deus estabeleceu um estatuto perpétuo para que os judeus repetissem o sacrifício do cordeiro anualmente até que viesse o verdadeiro Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Então, ano após ano, os judeus repetiram este ritual.



CONTEXTO PROFÉTICO

    Após 1.600 anos repetindo o mesmo ritual de sacrificar o cordeiro sem mácula e esperando o verdadeiro Cordeiro de Deus através da fé, o povo escolhido estava no templo se preparando para mais uma Páscoa quando o bendito Cordeiro chegou, mas eles não perceberam:


"E estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. E achou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombos, e os cambistas assentados. E tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo, também os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambistas e derribou as mesas. E disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes, e não façais da casa de meu Pai casa de venda." – João 2:13-16.


Este texto nos mostra que o povo de Deus estava indo à casa do Senhor como se aquilo fosse um momento de recreação, um evento para se distrair e encontrar velhos amigos para bater papo. Outros usavam a casa de Deus para benefício próprio, transformando o templo em uma verdadeira casa de comércio. Assim como foi no passado, hoje vemos parte do povo de Deus indo ao templo apenas para bater papo, ver os amigos, mostrar sua roupa nova, vender alguns produtos e até mesmo cadeiras na igreja. Cansei de presenciar jovens e adultos durante o culto conversando sobre qual time ganhou o jogo, quem bateu em quem na luta livre, ou sobre a vida pessoal de outros irmãos. Conversavam sobre tudo, menos sobre a palavra que foi pregada naquela noite.
No dia 9 de março, Jesus foi a Betânia e realizou um de seus maiores milagres: a ressurreição de Lázaro (João 12:1). No dia 10 de março, Jesus entrou em Jerusalém montado em um jumentinho, e a multidão o recebeu lançando ramos de palmeiras em seu caminho, clamando: "Hosana! Bendito o Rei de Israel que vem em nome do Senhor" (João 12:12).


O povo não percebeu, mas aquela Páscoa seria diferente de todas as Páscoas, pois o verdadeiro Cordeiro estava ali, sendo separado para análise no dia 10 de março. A palavra do Senhor diz que todos os fariseus notaram a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém; agora, todos os olhos da cidade santa estavam fitos nele, procurando alguma falha, defeito ou mácula. Jesus foi traído por Judas e levado ao sinédrio para inquisição. Os sacerdotes interrogavam, questionavam e analisavam o Cordeiro (João 18:19), mas nenhuma mácula podia ser encontrada nele, então enviaram-no a Pôncio Pilatos. Olhando para aquela situação e não querendo arranjar problemas, Pilatos não encontrou mácula no Cordeiro (Lucas 23:4) e o enviou para Herodes analisar. Chegando ao palácio de Herodes, Jesus foi analisado e inquirido; porém, Herodes também não encontrou mácula no Cordeiro (Lucas 23:15) e o mandou de volta a Pilatos. Agora, o representante do império romano torna a analisar e inquirir o Cordeiro de Deus e chega à sua última conclusão: "Não acho crime neste homem" (João 18:38). Em uma atitude covarde, Pilatos lavou as suas mãos diante do povo e disse: "Estou inocente do sangue deste justo." E o povo respondeu: "O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos."


Anás e Caifás não sabiam, o povo não sabia, Herodes não sabia, Pilatos não sabia, mas ali estava se cumprindo a maior profecia de todos os tempos, pois eles analisaram o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, separando-o no dia 10 de março através da entrada triunfal em Jerusalém, preparando-o no dia 14 de março às 9:00 horas da manhã e consumando o sacrifício às 3:00 horas da tarde quando Jesus olhou para o céu e disse ao Pai: "Está consumado."


APLICAÇÃO EM TRÊS PASSOS

Primeiro passo: mexa-se! Desde aquele grande dia, o sangue do cordeiro está disponível para todos nós, mas o texto bíblico que se encontra no livro do Êxodo nos ensina que não basta sacrificar o cordeiro e ter seu sangue disponível em um recipiente; é necessário que este sangue seja aplicado: “Então tomai um molho de hissopo, e molhai-o no sangue que estiver na bacia, e passai-o na verga da porta, e em ambas as ombreiras, do sangue que estiver na bacia”. Estamos em uma campanha que fala de porta, e todos nós estamos esperando que um milagre, uma resposta, bênção, cura ou unção chegue à porta da nossa casa, da nossa fonte de renda e também da nossa igreja, mas saiba que você precisa tomar o molho de hissopo da sua fé e pegar o sangue que está na bacia. Jesus não vai fazer isso por você! É você que tem que tirar o sangue daquela bacia e aplicar na porta da sua casa, na sua família, em sua vida e no seu ministério.


Segundo passo: enfrente o problema. O mais antigo altar primitivo da humanidade ao único Deus verdadeiro, assim como aos falsos deuses, era a soleira ou a entrada da casa. O costume era pedir proteção à divindade e convidá-la para entrar na casa. Aquelas casas estavam na terra do Egito, pertenciam ao Egito. Israel pertencia ao Egito. Assim como no Êxodo, hoje, Satanás tenta nos amedrontar dizendo que é nosso dono, que tem acesso à nossa casa e que pode nos tocar e nos ferir. Ele tenta trazer lixo para dentro da nossa casa, coisas velhas e sujas que ficaram no passado, no intuito de nos desanimar na caminhada da fé. Mas a palavra do Senhor afirma que: “se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado” (1 João 1:7). Pela Palavra, temos a autoridade para dizer ao inimigo que ele não é nosso dono e não pode nos tocar, nos condenar, nem trazer coisas sujas para dentro da nossa casa. Se outrora nossa casa pertencia ao Egito, agora ela tem o sangue do cordeiro nos umbrais da porta; somos protegidos e guardados debaixo das mãos do Deus Todo-Poderoso através do sangue de Jesus.


Terceiro passo: faça para Deus ver. O texto bíblico diz: “vendo eu o sangue, passarei sobre vós.” Muitas vezes somos tentados a viver uma vida de aparência onde necessitamos da aprovação dos outros para viver uma vida com Deus. Tentamos agradar uns e outros que realmente não merecem o nosso esforço e dedicação. Durante o Sermão do Monte, Jesus nos aconselhou a preferir orar no íntimo do nosso quarto ao invés das praças e assembleias; jejuar com o rosto feliz, de banho tomado e cabelo penteado, ao invés de fazer cara de sofrimento para que os outros vejam que estamos jejuando; dar esmolas discretamente ao invés de entregar a ajuda e tocar trombetas ao nosso redor para que todos vejam quão “bons” nós somos; pois, disse Jesus, tudo aquilo que fizermos em secreto e discretamente, publicamente Deus nos honrará. Deus é quem tem que ver o sangue e não nós! A família que estava dentro de casa naquela noite não podia ver o sangue nos umbrais da porta, mas Deus podia ver; eles só podiam crer através da fé que aquele sangue os salvaria. Na Bíblia não está escrito “quando você ver o sangue” e sim “quando Eu ver o sangue, passarei sobre vós.”


O sangue está disponível. Cabe a nós decidir se aplicaremos este precioso sangue ou se o deixaremos na bacia. Deus é maravilhoso, e suas misericórdias duram para sempre.






   

Futurismo Bíblico Consistente - Parte 2

 

Texto original em Pre-Trib Research Center / Tradução via DeepL, Google e Bing com correções

PARTE 2

 

  

FUTURISMO BÍBLICO CONSISTENTE

 

por Thomas Ice

 

 

    Num esforço para resolver algumas diferenças entre aqueles de nós que interpretam a Bíblia e a profecia bíblica de uma forma consistentemente literal, começarei examinando a nossa abordagem interpretativa. A interpretação literal é uma abreviatura para a nossa hermenêutica, que é chamada de método gramatical, histórico e contextual. O que isso significa e quais são as implicações de tal método.

 

 

HERMENÊUTICA LITERAL

 

    Os dispensacionalistas são bem conhecidos pela sua hermenêutica literal. Muitos oponentes da teologia dispensacionalista tentam fazer parecer que os dispensacionalistas usam alguma abordagem especial ou hiperliteral. Não é esse o caso. Os dispensacionalistas simplesmente aplicam de forma mais consistente o método gramatical, histórico e contextual. Dale DeWitt observou corretamente que “a teologia dispensacionalista não possui outro método de interpretação ou hermenêutica além do da Reforma. . . o dispensacionalismo não é melhor considerado um método interpretativo”. (1)

 

DeWitt continua:

 

A teologia dispensacional não emprega nenhuma hermenêutica única ou de culto; isso é a hermenêutica protestante histórica. Mas tenta aplicar este método de forma mais consistente à profecia preditiva do Antigo Testamento do que os reformadores ou as tradições denominacionais provenientes deles estavam dispostos a fazer. Ao mesmo tempo, o esforço dos dispensacionalistas no literalismo mais completo possível tem sido mais uma questão de princípio do que de rigor absoluto na prática. (2)

 

O não dispensacionalista Bernard Ramm aponta que na Europa “houve uma Reforma hermenêutica que precedeu a Reforma eclesiástica” (3). Lutero e Calvino geralmente devolveram a igreja à interpretação literal. Se não tivessem feito isso, o protestantismo nunca teria nascido e a reforma nunca teria ocorrido. Lutero disse: “Somente o sentido literal das Escrituras é toda a essência da fé e da teologia cristã” (4). Calvino disse: “A primeira função de um intérprete é deixar seu autor dizer o que ele faz, em vez de atribuir a ele o que achamos que ele deveria dizer” (5). No entanto, como muitos de nós, Lutero e Calvino nem sempre seguiram a sua própria teoria, mas eles e reformadores com ideias semelhantes viraram a maré hermenêutica na direção certa.

 

Os dispensacionalistas sempre declararam que estão simplesmente aplicando a hermenêutica acordada do protestantismo a todo o cânon das Escrituras, sem recorrer a métodos espirituais ou alegóricos simplesmente porque o texto tratava do assunto da profecia. Isso significa que incluída na hermenêutica literal está a capacidade de reconhecer e compreender figuras de linguagem e símbolos sem ter que abandonar a interpretação literal. O Dr. Ryrie deixa claro esse ponto quando diz:

 

Símbolos, figuras de linguagem e tipos são todos interpretados claramente neste método e não são de forma alguma contrários à interpretação literal. Afinal, a própria existência de qualquer significado para uma figura de linguagem depende da realidade do significado literal dos termos envolvidos. As figuras muitas vezes tornam o significado mais claro, mas é o significado literal, normal ou simples que transmitem ao leitor. (6)

 

Ramm, em seu livro amplamente aceito sobre interpretação bíblica, diz: “O programa de interpretação literal das Escrituras não ignora as figuras de linguagem, os símbolos, os tipos, as alegorias que, de fato, podem ser encontradas nas Sagradas Escrituras. Não é um letramento cego nem um literalismo rígido como tantas vezes é a acusação.” (7)

 

Em alguns dos seus momentos mais sinceros, os oponentes da interpretação literal admitem que, se a nossa abordagem for seguida, então ela conduz corretamente à teologia dispensacionalista. Floyd Hamilton disse o seguinte:

 

Agora devemos admitir francamente que uma interpretação literal das profecias do Antigo Testamento nos dá exatamente a imagem de um reinado terrestre do Messias como as imagens pré-milenistas. Esse era o tipo de reino messiânico que os judeus da época de Cristo procuravam, com base numa interpretação literal das promessas do Antigo Testamento. (8)

 

Na mesma linha, Oswald Allis admite: “as profecias do Antigo Testamento, se interpretadas literalmente, não podem ser consideradas como já tendo sido cumpridas ou como sendo capazes de se cumprir nesta era presente”. (9)

 

É aqui que reside o problema daqueles, sejam evangélicos ou liberais, que não gostam de onde a abordagem adequada (a hermenêutica literal) os leva. É claro que estas conclusões não se enquadram na sua visão de mundo a priori ou no credo da sua igreja. Assim, a lógica da sua visão leva-nos a concluir que eles não gostam dos claros ensinamentos bíblicos relativos ao futuro.

 

 

HERMENÊUTICA ALEGÓRICA

 

    O dicionário define literal como “pertencente a letras”. Também diz literalmente

a interpretação envolve uma abordagem “baseada nas palavras reais em seu significado comum, . . . não indo além dos fatos.” (10)

 

A mãe de todos os dicionários, o Oxford English Dictionary diz: “Referente à ‘letra’ (das Escrituras); o epíteto distintivo de aquele sentido ou interpretação (do texto) que é obtido tomando as palavras em seu significado natural ou habitual e aplicando as regras gramaticais ordinárias; oposto ao místico, alegórico, etc.” (11)

 

“A interpretação literal da Bíblia significa simplesmente explicar o sentido original da Bíblia de acordo com os usos normais e costumeiros da sua linguagem.” (12)

 

Como isso é feito? Isso só pode ser realizado através do método de interpretação gramatical (de acordo com as regras gramaticais), histórico (consistente com o cenário histórico da passagem), contextual (de acordo com seu contexto literário). O literalismo olha para o texto, as palavras e frases reais de uma passagem. A interpretação alegórica ou não literal importa uma ideia não encontrada especificamente no texto de uma passagem.

 

Assim, o oposto da interpretação literal é a interpretação alegórica. Como disse Bernard Ramm em seu livro clássico e confiável sobre interpretação bíblica: “o ‘literal’ se opõe diretamente ao ‘alegórico’”.

 

Historicamente, quando as pessoas não gostam do que um documento diz ou querem ajustá-lo à sua tendência filosófica, elas alegorizam esse documento. Foi isso que Fílon fez com a Bíblia judaica em Alexandria, no Egito e, logo no início, alguns cristãos adquiriram dele esse hábito e o importaram para a igreja. Ronald Diprose nos conta sobre a abordagem interpretativa alegórica de Orígenes:

 

Contudo, sua metodologia exegética foi profundamente influenciada pelo clima intelectual em que cresceu. Os gregos usaram o alegorismo para tornar o conteúdo mítico de obras antigas, como as escritas por Homero e Hesíodo, aceitável para leitores com uma mentalidade mais filosófica. Orígenes também foi influenciado pelo exemplo de Fílon, um judeu alexandrino do primeiro século que interpretou as Escrituras do Antigo Testamento alegoricamente para torná-las harmonizadas com o platonismo. (14)

 

Observei em um artigo anterior (15) que apenas uma abordagem do livro do Apocalipse e dos textos proféticos é capaz de interpretar consistentemente a Bíblia usando a hermenêutica literal e essa é o sistema futurista. Isto significa que uma parte significativa dos outros três sistemas de interpretação profética (preterismo, historicismo e idealismo) envolve algum grau de hermenêutica alegórica. Lembre-se de que o elemento alegórico de uma abordagem interpretativa significaria que uma ideia não encontrada especificamente no texto de uma passagem deve ser importada de fora de um texto específico e declarada para se tornar parte do significado de um determinado texto. Um exemplo comum empregado pelos três sistemas é que muitas vezes quando o texto bíblico diz claramente “Israel”, eles muitas vezes pensam ou dizem igreja”.

 

Não há base textual, mas como eles acreditam que a igreja substituiu Israel, eles acham que estão justificados em alegorizar. Todos os três sistemas desviantes empregam hermenêutica alegórica em pontos-chave da processo interpretativo. O preterismo, através da alquimia da hermenêutica alegórica, pega passagens que requerem um meio sobrenatural ao se referir a eventos globais, e as transforma em fenômenos locais e naturais. O historicismo alegoriza os dias em anos, Israel na igreja e o futuro período da tribulação na atual era da igreja. O idealismo diz que os símbolos não representam entidades históricas futuras, embora símbolos semelhantes tivessem antecedentes históricos no passado. O idealismo reduz os símbolos futuros a apenas ideias que não terão efeito na história futura. Somente o futurismo é capaz de aplicar consistentemente o método gramatical, histórico e contextual de interpretação.

 

 

MISTURA DE HERMENÊUTICA

 

    Como devemos sempre aplicar o mesmo método de interpretação e deixar que o texto nos diga o que significa, não faz sentido misturar hermenêutica literal e alegórica. No entanto, a hermenêutica mista é frequentemente aplicada por muitos futuristas que teoricamente juram fidelidade à interpretação literal. Penso que o principal aspecto da hermenêutica gramatical, histórica e contextual, que é violado pelos futuristas, está em relação ao contexto pretendido da profecia, que é a história futura.

 

Hoje é comum que um professor de profecia futurista veja algo acontecendo nas notícias relacionado a um evento profetizado que está programado para acontecer durante a tribulação e diga que a profecia está sendo cumprida hoje. Por exemplo, a Batalha de Gogue e Magogue em Ezequiel 38 e 39 vê a Turquia em aliança com o Irão contra Israel. Nos últimos 30 anos, a Turquia e Israel têm sido amigos. Agora a Turquia está a voltar-se contra Israel e a aliar-se ao Irã. Alguns estão dizendo que isso é o cumprimento de uma profecia. É uma preparação para o cumprimento, mas nada na profecia de Ezequiel ainda foi cumprido. Isso é uma mistura de hermenêutica ao não colocar este evento em seu contexto futuro adequado, como resultado do estudo das Escrituras. Maranata!

 

 

 


NOTAS FINAIS

 

(1) Dale S. DeWitt, Dispensational Theology in America During The 20th Century (Grand Rapids: Grace Bible College Publications, 2002), p. 6.

(2) DeWitt, Dispensational Theology, p. 8.

(3) Bernard Ramm, Protestant Biblical Interpretation: A Textbook of Hermeneutics, 3rd. edition (Grand Rapids: Baker Book House), 1970), p. 52.

(4) Martin Luther cited in Ramm, Protestant Biblical Interpretation, p. 54.

(5) John Calvin cited in Ramm, Protestant Biblical Interpretation, p. 58.

(6) Charles C. Ryrie, Dispensationalism (Chicago: Moody Press, [1966, 1995,] 2007), p. 91.

(7) Ramm, Protestant Biblical Interpretation, p. 126.

(8) Floyd E. Hamilton, The Basis of Millennial Faith (Grand Rapids: Eerdmans, 1942), p. 38.

(9) Oswald T. Allis, Prophecy and the Church (Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed Publishing, [1945] 1947), p. 238.

(10) Webster’s New Twentieth Century Dictionary, Unabridged, Second Edition, p. 1055

(11) The Compact Edition of The Oxford English Dictionary (New York, Oxford Press, 1971), s.v., “literal.”

(12) Paul Lee Tan, The Interpretation of Prophecy, (Winona Lake, Ind.: Assurance Publishers, 1974), p. 29.

(13) Ramm, Protestant Biblical Interpretation, p. 119. xiv Ronald E. Diprose, Israel in the development of Christian thought (Rome: Istitutio Biblico Evangelico Italiano, 2000), p. 86.

(14) “Consistent Biblical Futurism,” Part 1, Pre-Trib Perspectives (Vol. VIII, Num. 77; June 2010), pp. 6–7.


Futurismo Bíblico Consistente - Parte 1

texto original em Pre-Trib Research Center / Tradução via DeepeL, Google e Bing com correções


 PARTE 1


FUTURISMO BÍBLICO CONSISTENTE

por Thomas Ice




    Há dezesseis anos e meio, quando comecei a trabalhar em tempo integral como diretor do Centro de Pesquisa Pré-Tribulação, mergulhei nos principais pontos de vista daqueles de nós que acreditam na interpretação literal da Bíblia. A teologia que resulta dessa abordagem é muitas vezes chamada de dispensacionalismo. Embora os dispensacionalistas tenham uma unidade incrível em tantas questões, especialmente em comparação com outros sistemas proféticos, notei algumas áreas significativas de diferenças. O que espero fazer nesta nova série é identificar as principais áreas de diferenças, sugerir pontos de vista corretos e oferecer uma explicação sobre por que os dispensacionalistas têm alguns pontos de vista diferentes.

 

 

DIFERENÇAS


    Alguns dos itens que os dispensacionalistas diferem entre nós incluem o seguinte: Se Babilônia no Novo Testamento se refere a Roma ou a Babilônia. Qual é o momento da invasão de Gogue e Magogue em Ezequiel 38 e 39? Mateus 24:3–9 refere-se à era da igreja ou à primeira parte da 70ª semana de Daniel? O arrebatamento está em Mateus 24 ou 25? A igreja é referenciada em Mateus 24 ou 25? A palavra grega apostasia é uma referência ao “afastamento da doutrina” ou “a um afastamento físico” em 2 Tessalonicenses 2:3?


Ao longo dos anos investigando e discutindo essas questões, tenho visto o desenvolvimento de alguns padrões relacionados à maioria dessas questões. Parece-me que muitos dos que têm certos pontos de vista sobre Babilónia e o Discurso do Monte das Oliveiras estão a assumir pontos de vista que são mais consistentes com o historicismo, em vez do futurismo que normalmente seguem. Mas como validar uma interpretação e um sistema interpretativo como o futurismo? Apresentarei algumas abordagens para examinar essas questões durante esta série. Também tratarei se o Salmo 83 ou Isaías 17 poderiam ser cumpridos na era da igreja, fora da esfera da tribulação.

 

Sei que todos dentro do nosso campo dispensacional não concordarão com o que irei propor, mas nunca vi ninguém tentar identificar e classificar as nossas diferenças de uma forma sistemática. Então, apresentarei meus pensamentos sobre essas questões, publicá-los-ei para discussão pública, a fim de ver se são úteis para alguns dentro da órbita dispensacional.

 

 

BUSCANDO POR UM FUTURISMO BÍBLICO CONSISTENTE

 

    Passei a acreditar que a maioria das diferenças dentro do dispensacionalismo surgiu da falta de aplicação consistente da perspectiva futurista da profecia bíblica. Parece-me que as questões relacionadas com o Discurso do Monte das Oliveiras e a identidade de Babilónia no Novo Testamento, por exemplo, são resquícios da abordagem interpretativa historicista que dominou a escatologia protestante desde cerca de 1525 até cerca de 1800. O historicismo é uma das quatro abordagens interpretativas do livro do Apocalipse referente ao tempo de cumprimento. Os outros três são o preterismo, o idealismo e a visão dispensacionalista, o futurismo. O futurismo é o resultado de uma aplicação consistente da hermenêutica histórico-gramatical conhecida popularmente como abordagem interpretativa literal. As outras três abordagens usam o método histórico-gramatical até certo ponto, mas todas elas alegorizam o texto em grande parte e de várias maneiras para apoiar suas noções gerais de quando e como o Apocalipse seria cumprido. Acredito que o futurismo é o resultado da interpretação literal do livro do Apocalipse, entendendo que existem símbolos, figuras de linguagem e vários recursos literários que o autor pretendia transmitir o significado de sua mensagem.

A noção geral de historicismo, às vezes chamada de método histórico contínuo, sustenta que o livro do Apocalipse, especialmente os capítulos 4 a 19 ou o período da tribulação, estão sendo cumpridos em algum lugar da história da igreja. Assim, de acordo com o historicismo dominante (1), os acontecimentos de Apocalipse 4-19 ocorreram praticamente todos na história da Igreja. Os defensores desta visão estão principalmente esperando pelo Armagedom e pela segunda vinda. O ponto-chave que surgirá nesta série é que o historicismo acredita que os eventos do período da tribulação estão se cumprindo na atual era da igreja. Assim, a profecia está sendo cumprida em nossos dias, a era da igreja. Além disso, os historicistas acreditam que Babilônia é uma palavra-código para Roma, geralmente Roma religiosa. Esta é outra interpretação não literal que decorre da noção historicista de que cada Papa sucessivo é a Besta do Apocalipse ou o Anticristo.

 

Por outro lado, a noção geral de uma visão futurista do Apocalipse é que estamos na era da igreja, um período sobre o qual há muito pouca profecia específica. Os eventos de Apocalipse 4-19, o período da tribulação, não estão acontecendo em nossos dias, pois só ocorrerão após o arrebatamento, durante a 70ª semana de Daniel, que é futura para os nossos dias. Que os capítulos 4 a 19 são futuros é algo com que todos os futuristas concordam em relação ao Livro do Apocalipse. Se não concordassem com

isto, não seriam futuristas.

 

 

MISTURAR HISTÓRICO COM FUTURISMO

 

    Quando passamos para o Discurso do Monte das Oliveiras, temos de decidir se o sermão de Jesus cobre o mesmo período básico de Apocalipse 4-19, o que a maioria dos futuristas geralmente concorda que cobre até certo ponto. No entanto, creio que muitos dispensacionalistas interpretam inconsistentemente partes do Discurso do Monte das Oliveiras de uma forma semelhante à que os historicistas têm feito ao longo dos anos. Alguns poderão dizer que estou a ser demasiado escravo do sistema teatral e abstracto do futurismo. No entanto, no meu caso, primeiro cheguei às conclusões exegeticamente e depois perguntei-me porque é que existiam estas duas escolas de pensamento dentro do dispensacionalismo, quando geralmente estamos na mesma página interpretativa. Depois, ao longo dos anos, à medida que lia muitos comentários mais antigos e estudava o desenvolvimento e os pontos de vista do historicismo, tornou-se evidente para mim que, na mudança dentro do

protestantismo, do historicismo para o futurismo, havia alguma bagagem historicista que foi deixada para trás.

 

Acredito que considerar Babilônia como algo diferente de Babilônia no Novo Testamento é um resquício do historicismo. Temos visto, desde a década de 1980, uma grande mudança

por parte dos intérpretes dispensacionalistas, afastando-se da ideia de que Babilónia é uma palavra- código para Roma, seja ela política ou religiosa. Por que? A mudança ocorreu porque em nenhum lugar do texto bíblico existem contextos que apoiem a noção de que Babilônia é usada para outra coisa senão referir-se a Babilônia. É a mesma questão que todos enfrentamos quando analisamos se Israel significa sempre Israel. Assim, a visão de que Babilônia significa Babilônia é consistente com a hermenêutica histórico-gramatical e com o sistema que flui naturalmente de tal abordagem

interpretativa, que é o futurismo. A visão historicista de que Babilónia é Roma baseia-se em argumentos externos ao texto bíblico para defender a sua posição.

Conhecemos tal abordagem como interpretação alegórica. Assim, se alguém defende a opinião de que a Babilónia é Roma e, de resto, é futurista, então isso seria um exemplo da minha afirmação de que tal interpretação é inconsistente com o futurismo, embora muitos futuristas possam defender tal ponto de vista de forma inconsistente. Além disso, observei em meu estudo da história da interpretação que os futuristas que defendem a perspectiva de que Babilônia é Roma parecem tê-la herdado de um corpo de estudos historicistas que ainda é difundido, em vez de defenderem o uso bíblico, que seria a abordagem histórico-gramatical que leva ao futurismo.

 

 

OUTRO EXEMPLO

 

    Enquanto escrevia este artigo, recebi um e-mail de um bom amigo futurista que defende o pré- tribulacionismo. Contudo, o e-mail do meu amigo continha um artigo que usava a frase “nações angustiadas e perplexas” de Lucas 21:25. O artigo aplicou essa passagem ao que está acontecendo no mundo hoje. Contudo, quando olhamos para a passagem, essas palavras foram ditas no contexto da tribulação. Como um futurista consistente deveria usar esta passagem, se é que ela pode ser usada, em aplicação aos dias de hoje?

 

Lucas 21:25 pode ser aplicado hoje por um futurista consistente que primeiro observe que o contexto é do futuro tempo de tribulação, quando esta profecia ocorrerá. Como provavelmente estamos no fim da era da igreja, já vemos o mesmo tipo de coisas acontecendo hoje que são uma amostra do que está por vir. Aplicar essa passagem diretamente aos dias de hoje, quando todos os futuristas concordariam que a passagem de Lucas se passa na tribulação, é funcionar como um historicista. Muitos futuristas lidam com as profecias relativas a Jerusalém em Zacarias 12-14 como se estivessem acontecendo hoje. Esta passagem também se passa na tribulação. Contudo, não há dúvida de que ainda hoje, antes de termos alcançado a segunda metade da tribulação, as nações estão se alinhando contra Jerusalém. Saber para onde esses eventos proféticos estão nos levando nos dá uma visão sobre por que os assuntos de nossos dias estão caminhando na direção em que estão indo.

 

 

RESOLVENDO DIFERENÇAS

 

    Nesta série, espero pelo menos demonstrar por que existem diferenças dentro do acampamento dispensacional sobre eventos que cercam principalmente o Discurso do Monte

das Oliveiras. Minha abordagem será argumentar que deveríamos passar das passagens claras para as menos claras para ver se há itens paralelos nas passagens claras que nos ajudem a interpretar as passagens menos claras. Sei que alguns contestarão meu julgamento sobre quais são as passagens claras, mas fornecerei uma justificativa para minhas decisões. Tentarei estabelecer uma estrutura para o desenvolvimento de um futurismo consistente, em oposição a um modelo historicista-futurista que é frequentemente apresentado em círculos dispensacionalistas.

 

Acredito que a passagem mais clara e extensa sobre a 70ª semana de Daniel se encontra em Apocalipse 4-19. Todos os futuristas acreditam que estes capítulos do Apocalipse cobrem o período da tribulação. Esperarei então demonstrar, ao comparar o Discurso do Monte das Oliveiras, os ensinamentos de Paulo sobre a tribulação (principalmente 2 Tessalonicenses 2),

juntamente com os profetas do Antigo Testamento, que todas as passagens falam de eventos que

ocorrerão dentro daquele período de sete anos conhecido como o tribulação, ou muito próximo dela. Maranata!

 

 

 

 

 

 

NOTAS FINAIS

 

(1) An example of mainstream historicism is found in their great champion E. B. Elliott and his scholarly work entitled Horae Apocalypticae; or, A Commentary on the Apocalypse, Critical and Historical, 5th edition (London: Seeley, Jackson, and Halliday, 1862), 4 vols

Visite o Canal Julio Celestino

Popular Posts

Like us on Facebook

Flickr Images