Não murmures, canta!

13:20

 

Foto de Juan Pablo Serrano Arenas

“Como é bom render graças ao Senhor e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo; anunciar de manhã o teu amor leal e de noite a tua fidelidade.” - Salmos 92.1,2

 

Ontem, mais uma vez, Deus me mostrou o quanto sou afortunado, mesmo que às vezes eu pense o contrário acerca da minha vida. Eu estava trabalhando no ambulatório e uma mãe chegou de Uber com seu filho de aproximadamente 17 anos que sofre Síndrome de West e hemofilia. Para ajudá-la na mobilidade com o jovem, outro filho a acompanhou.

 

Com dificuldade, desceram do carro e subiram os degraus da clínica. O jovem andava trôpego, mal conseguia ficar de pé sem o apoio da família. Ele não fala e, aparentemente, também não consegue se comunicar bem via gestos. Foi preciso a ajuda de duas enfermeiras, mais a mãe e o irmão, para segurá-lo na cadeira de coleta e retirar o sangue necessário para o exame. Os gritos do jovem eram angustiantes. Após a retirada do sangue, eles voltaram para o setor de espera. Para mim, era impossível não se emocionar com os olhos marejados de lágrimas da mãe e o pesar do irmão que levou o jovem enfermo para passear e se acalmar no jardim.

 

Durante os últimos sete meses, tive a oportunidade de conhecer histórias de pessoas que vivem com a enfermidade todos os dias. Pessoas que embarcam em um carro da prefeitura de sua cidade às duas ou três horas da madrugada para enfrentar uma viagem de três ou quatro horas toda semana para levar seu bebê em um ambulatório que fica na capital do estado. Eles ficam o dia inteiro na rua, pois o carro da prefeitura precisa desembarcar os pacientes de outros hospitais e aguardar todas as consultas agendadas no período matutino e vespertino para só então recolhê-los no fim da tarde e enfrentar a viagem de volta. Muitos não têm condições financeiras para se alimentar corretamente nessas viagens, alguns almoçam biscoitos com o suco artificial que ganham nos ambulatórios.

 

Muitas vezes eu, minha família e alguns amigos reclamamos do preço dos produtos do supermercado, a dificuldade em pagar as contas e sobre o desapontamento de querer coisas como carro, moto, casa própria, viagens, celular de última geração e uma roupa nova para cada saída. Essa energia negativa acaba atingindo todas as áreas de nossa vida, nos deixando mais amargos e sozinhos. Assim não conseguimos enxergar as coisas simples e boas que Deus nos proporcionou.

 

Aquele jovem nunca vai poder reclamar dos preços do supermercado, pois nunca terá capacidade cognitiva para saber o que está caro e o que está barato. Pior do que isso, ele nunca terá dó de gastar seu dinheiro suado, pois ele nunca vai trabalhar devido à sua incapacidade física. Ele jamais terá o desprazer de estar apertado nas finanças de casa e da família, pois ele jamais terá condições de constituir uma família como uma pessoa saudável. Ele jamais ficará triste por não ter um carro ou uma moto, porque ele sequer consegue andar com as próprias pernas.

 

De igual modo, refleti sobre o peso da cruz daquela mãe, que, enquanto escrevo este texto, ao invés de ela estar triste com as finanças ou a falta de carros, motos, roupas e viagens, ela só queria que seu filho amado tivesse condições de viver uma vida normal como os outros rapazes, mas, infelizmente isso é apenas um sonho. Já para mim, isso não é um sonho, é algo absolutamente normal. Meus filhos nasceram plenamente saudáveis. O problema é que de maneira generalizada, nos esquecemos dos milagres que vivemos todos os dias em nossa vida, por terem se tornado comuns, como a saúde, alimento diário, filhos saudáveis, um teto para morar, um emprego e principalmente a fé num Deus vivo.

 

O hino 302 da Harpa Cristã descreve e aconselha bem sobre este assunto:

 

“No mundo murmura-se tanto

Entre os que cristãos dizem ser

Em vez de louvores, há pranto

Fraqueza em lugar de poder

Murmuraram assim no deserto

Em Mara, Israel murmurou

Não veem que Deus está perto

Jamais seu auxílio negou

 

Em vez de murmurares, canta

Um hino de louvor a Deus

Jesus quer te dar vida santa

Qual noiva levar-te pra os céus

 

Tu vives, irmão, murmurando

Tal como um escravo do mal

Se Deus a tua fé está provando

Tu não tens razão para tal

Deus castiga aquele a quem ama

De ti também não se esqueceu

Qual pai amoroso te chama

E cuida, sim, do que é seu

 

E mesmo se as ondas rugirem

No revolto e bravio mar

Os céus poderás ver se abrirem

Se um hino tua alma cantar

Não temas ciladas, nem morte

Pra cima tu deves olhar

O leme segura bem forte

Até do céu a luz raiar

 

Se um hino cantar tu puderes

Nas horas de grande aflição

Então voarás, se quiseres

Até a celeste mansão

Nas asas da águia levado

Bem perto do mar de cristal

E por fim então libertado

A terra, chegar, celestial

 

Em vez de murmurares, canta

Um hino de louvor a Deus

Jesus quer te dar vida santa

Qual noiva levar-te pra os céus.”

 

Exortemo-nos a sermos mais gratos a Deus pelas coisas pequenas. Jesus nos ensinou: “Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei” (Mt 25.23). A prosperidade é uma questão de fidelidade, dedicação, tempo e fé. Cedo ou tarde, se ainda não chegou ou se já esteve e não mais está, através das portas da gratidão, poderemos conquistá-la. Não murmures, canta!

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