O Sangue nos Umbrais da Porta

08:23

 



TEXTO ÁUREO: “Então tomai um molho de hissopo, e molhai-o no sangue que estiver na bacia, e passai-o na verga da porta, e em ambas as ombreiras, do sangue que estiver na bacia; porém nenhum de vós saia da porta da sua casa até à manhã. Porque o SENHOR passará para ferir aos egípcios, porém quando vir o sangue na verga da porta, e em ambas as ombreiras, o SENHOR passará aquela porta, e não deixará o destruidor entrar em vossas casas, para vos ferir.” – Êxodo 12.22-23



INTRODUÇÃO


    O texto que acabamos de ler nos leva ao momento em que Deus prepara o povo de Israel para passar pelo pior momento da história do Egito antigo: a última praga. Deus havia enviado Moisés e Arão diversas vezes à presença do Faraó para que ele libertasse o povo de seu cativeiro, porém, a Palavra de Deus nos declara que o coração do monarca foi endurecido repetidamente à medida que o Senhor o avisava das consequências futuras.        

Muitas vezes, agimos como o Faraó. Às vezes, estamos passando por momentos difíceis em nossas vidas e perguntamos a Deus o "por quê" de tantas coisas ruins nos açoitando, como desilusões, abandono, casamento desfeito, crise financeira e doenças crônicas. Esquecemos que Deus sempre nos avisa das consequências antes que elas aconteçam, mas a dureza do nosso coração acaba cegando nosso entendimento para as lições espirituais que o Espírito Santo aplica em nossas vidas.
Naquele dia, Deus preparava seu último julgamento sobre o império egípcio: a morte dos primogênitos. O aviso foi: "E eu passarei pela terra do Egito esta noite, e ferirei todo o primogênito na terra do Egito, desde os homens até os animais; e em todos os deuses do Egito farei juízos. Eu sou o SENHOR." A família que tivesse o sangue do cordeiro aspergido nos umbrais da porta da casa seria poupada da ação do anjo da morte.



CONTEXTO HISTÓRICO

    A palavra-chave para este grande evento é libertação. Antes da grande libertação do povo judeu das garras do império egípcio, Deus ensinou uma maravilhosa lição espiritual que atravessa gerações: a Páscoa. Após a nona praga que assolou a terra do Egito, Deus disse a Moisés que aquele momento seria o princípio dos meses; é em Êxodo 12 que se iniciam os meses do calendário judaico. A instrução consistia em que, no dia 10 de março (Nissan), cada família deveria separar um cordeiro sem mácula e colocá-lo em observação até o dia 14 de março para ter certeza de que ele não tinha nenhum defeito.
No dia 14 de março, após certificarem que o cordeiro não tinha mancha ou mácula, o povo preparava o sacrifício às 9:00 horas da manhã. Em seguida, eles sacrificavam o cordeiro às 15:00 horas para concluir a Páscoa antes das 18:00 horas, quando se iniciaria um novo dia.


Durante esse processo, toda família deveria coletar o sangue do cordeiro em uma bacia e aspergi-lo com hissopo nos umbrais da porta da casa. Assim, quando o anjo da morte passasse à meia-noite e visse o sangue do cordeiro na porta das casas, ele passaria por cima do lar sem executar o juízo de morte. Esta festa deveria ser repetida ano após ano, de geração em geração, por estatuto perpétuo.


Tudo que Deus faz e institui não é por acaso, mas tudo tem um propósito. Minha vida tem um propósito, a sua vida tem um propósito, nossa família tem um propósito, a igreja tem um propósito, nossa campanha tem um propósito. Com a Páscoa não foi diferente; Deus estabeleceu um estatuto perpétuo para que os judeus repetissem o sacrifício do cordeiro anualmente até que viesse o verdadeiro Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Então, ano após ano, os judeus repetiram este ritual.



CONTEXTO PROFÉTICO

    Após 1.600 anos repetindo o mesmo ritual de sacrificar o cordeiro sem mácula e esperando o verdadeiro Cordeiro de Deus através da fé, o povo escolhido estava no templo se preparando para mais uma Páscoa quando o bendito Cordeiro chegou, mas eles não perceberam:


"E estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. E achou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombos, e os cambistas assentados. E tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo, também os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambistas e derribou as mesas. E disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes, e não façais da casa de meu Pai casa de venda." – João 2:13-16.


Este texto nos mostra que o povo de Deus estava indo à casa do Senhor como se aquilo fosse um momento de recreação, um evento para se distrair e encontrar velhos amigos para bater papo. Outros usavam a casa de Deus para benefício próprio, transformando o templo em uma verdadeira casa de comércio. Assim como foi no passado, hoje vemos parte do povo de Deus indo ao templo apenas para bater papo, ver os amigos, mostrar sua roupa nova, vender alguns produtos e até mesmo cadeiras na igreja. Cansei de presenciar jovens e adultos durante o culto conversando sobre qual time ganhou o jogo, quem bateu em quem na luta livre, ou sobre a vida pessoal de outros irmãos. Conversavam sobre tudo, menos sobre a palavra que foi pregada naquela noite.
No dia 9 de março, Jesus foi a Betânia e realizou um de seus maiores milagres: a ressurreição de Lázaro (João 12:1). No dia 10 de março, Jesus entrou em Jerusalém montado em um jumentinho, e a multidão o recebeu lançando ramos de palmeiras em seu caminho, clamando: "Hosana! Bendito o Rei de Israel que vem em nome do Senhor" (João 12:12).


O povo não percebeu, mas aquela Páscoa seria diferente de todas as Páscoas, pois o verdadeiro Cordeiro estava ali, sendo separado para análise no dia 10 de março. A palavra do Senhor diz que todos os fariseus notaram a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém; agora, todos os olhos da cidade santa estavam fitos nele, procurando alguma falha, defeito ou mácula. Jesus foi traído por Judas e levado ao sinédrio para inquisição. Os sacerdotes interrogavam, questionavam e analisavam o Cordeiro (João 18:19), mas nenhuma mácula podia ser encontrada nele, então enviaram-no a Pôncio Pilatos. Olhando para aquela situação e não querendo arranjar problemas, Pilatos não encontrou mácula no Cordeiro (Lucas 23:4) e o enviou para Herodes analisar. Chegando ao palácio de Herodes, Jesus foi analisado e inquirido; porém, Herodes também não encontrou mácula no Cordeiro (Lucas 23:15) e o mandou de volta a Pilatos. Agora, o representante do império romano torna a analisar e inquirir o Cordeiro de Deus e chega à sua última conclusão: "Não acho crime neste homem" (João 18:38). Em uma atitude covarde, Pilatos lavou as suas mãos diante do povo e disse: "Estou inocente do sangue deste justo." E o povo respondeu: "O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos."


Anás e Caifás não sabiam, o povo não sabia, Herodes não sabia, Pilatos não sabia, mas ali estava se cumprindo a maior profecia de todos os tempos, pois eles analisaram o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, separando-o no dia 10 de março através da entrada triunfal em Jerusalém, preparando-o no dia 14 de março às 9:00 horas da manhã e consumando o sacrifício às 3:00 horas da tarde quando Jesus olhou para o céu e disse ao Pai: "Está consumado."


APLICAÇÃO EM TRÊS PASSOS

Primeiro passo: mexa-se! Desde aquele grande dia, o sangue do cordeiro está disponível para todos nós, mas o texto bíblico que se encontra no livro do Êxodo nos ensina que não basta sacrificar o cordeiro e ter seu sangue disponível em um recipiente; é necessário que este sangue seja aplicado: “Então tomai um molho de hissopo, e molhai-o no sangue que estiver na bacia, e passai-o na verga da porta, e em ambas as ombreiras, do sangue que estiver na bacia”. Estamos em uma campanha que fala de porta, e todos nós estamos esperando que um milagre, uma resposta, bênção, cura ou unção chegue à porta da nossa casa, da nossa fonte de renda e também da nossa igreja, mas saiba que você precisa tomar o molho de hissopo da sua fé e pegar o sangue que está na bacia. Jesus não vai fazer isso por você! É você que tem que tirar o sangue daquela bacia e aplicar na porta da sua casa, na sua família, em sua vida e no seu ministério.


Segundo passo: enfrente o problema. O mais antigo altar primitivo da humanidade ao único Deus verdadeiro, assim como aos falsos deuses, era a soleira ou a entrada da casa. O costume era pedir proteção à divindade e convidá-la para entrar na casa. Aquelas casas estavam na terra do Egito, pertenciam ao Egito. Israel pertencia ao Egito. Assim como no Êxodo, hoje, Satanás tenta nos amedrontar dizendo que é nosso dono, que tem acesso à nossa casa e que pode nos tocar e nos ferir. Ele tenta trazer lixo para dentro da nossa casa, coisas velhas e sujas que ficaram no passado, no intuito de nos desanimar na caminhada da fé. Mas a palavra do Senhor afirma que: “se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado” (1 João 1:7). Pela Palavra, temos a autoridade para dizer ao inimigo que ele não é nosso dono e não pode nos tocar, nos condenar, nem trazer coisas sujas para dentro da nossa casa. Se outrora nossa casa pertencia ao Egito, agora ela tem o sangue do cordeiro nos umbrais da porta; somos protegidos e guardados debaixo das mãos do Deus Todo-Poderoso através do sangue de Jesus.


Terceiro passo: faça para Deus ver. O texto bíblico diz: “vendo eu o sangue, passarei sobre vós.” Muitas vezes somos tentados a viver uma vida de aparência onde necessitamos da aprovação dos outros para viver uma vida com Deus. Tentamos agradar uns e outros que realmente não merecem o nosso esforço e dedicação. Durante o Sermão do Monte, Jesus nos aconselhou a preferir orar no íntimo do nosso quarto ao invés das praças e assembleias; jejuar com o rosto feliz, de banho tomado e cabelo penteado, ao invés de fazer cara de sofrimento para que os outros vejam que estamos jejuando; dar esmolas discretamente ao invés de entregar a ajuda e tocar trombetas ao nosso redor para que todos vejam quão “bons” nós somos; pois, disse Jesus, tudo aquilo que fizermos em secreto e discretamente, publicamente Deus nos honrará. Deus é quem tem que ver o sangue e não nós! A família que estava dentro de casa naquela noite não podia ver o sangue nos umbrais da porta, mas Deus podia ver; eles só podiam crer através da fé que aquele sangue os salvaria. Na Bíblia não está escrito “quando você ver o sangue” e sim “quando Eu ver o sangue, passarei sobre vós.”


O sangue está disponível. Cabe a nós decidir se aplicaremos este precioso sangue ou se o deixaremos na bacia. Deus é maravilhoso, e suas misericórdias duram para sempre.






   

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